domingo, 22 de novembro de 2009

Até um dia, pai...


"O Adeus é uma palavra
que não queremos dizer
a quem amamos ...
... até um dia!"

António Martins (pai)

Estas foram as palavras escolhidas por nós para colocar no local onde foi depositado o corpo há 8 meses, do meu pai.

Acredito que continua a ser o nosso guia, mas de uma forma diferente, numa outra dimensão.

Foi levado para o hospital abruptamente, era o mais aconselhado e ao que ele respondia e que se entendia muito a custo, " não vale a pena". Será que ele sabia que não valia a pena e apenas queria ficar ali em casa com os seus e ir em paz, que era assim mesmo, ou porque sempre que era para fazer algo que dissesse respeito á saúde dele, dizia sempre, "não vale a pena eu estou bem"? Não sabemos.

Fizémos o que nesta era de progresso e evolução constante tinha de ser feito.

Esta agonia foi de dois dias, porque melhorou; o que se tinha passado no organismo dele tinha sido muito ao de leve, disseram... e aí vi-lhe aquele sorriso (um sorriso estranho, tendo em conta a situação?, sereno e a forma como me apertou a mão, como se não a quisesse largar...e como somos muitos e a nível do trabalho não arranjei forma de ficar mais do que uns míseros minutitos, lá fui, feliz pelo sorriso, pelo toque da mão dele... mas também de coração apertado.

Pedi ao Universo tudo de bom para aquele ser.... e o melhor foi mesmo ir para uma outra dimensão naquela mesma noite, pela madrugada.

O meu coração foi como se tivesse deixado de bater, sugado, apertado; não queria acreditar.

Tudo veio á mente , de repente. As conversas nos últimos tempos, e que foram, talvez, os tempos que mais atenção lhe dei, porque era só o que me vinha á ideia. Que tivéssemos cuidado com a forma como lidássemos com o nosso filho Gustavo, que era um filho especial, com o nosso sobrinho Luis, que estava sózinho, pediu ao meu companheiro para que o acompanhasse na caminhada dele e que não déssemos importância ao que não fosse realmente importante. O filho que teve mesmo antes de casar e que não pôde ter ali no mesmo lar onde estavam os outros filhos e os filhos que não eram dele, mas que acolheu de igual modo (os meus pais foram das famílias acolhedoras da Santa Casa da Misericórdia). O cuidado com a minha mãe, para que nada ou ninguém a magoasse.

Desde então já me cruzei com algumas pessoas que me faziam lembrar o meu pai.

Vejo-me a rezar o Pai Nosso em situações que nem sei explicar. Concerteza não há nada para explicar, apenas sentir e prosseguir o caminho.

A missão daquele ser nestas paragens por ora terminou.

Quiçá estará já a assinar um novo contrato?

Não está sózinho e encontrou os entes queridos. Deixou em nossos seres o que melhor soube e em especial nesta data que se aproxima a mensagem dos Natais que se vestiu de Pai Natal, mesmo a sério, de corpo e alma e fez-nos viver a quadra de uma forma de conto de fadas.

Obrigada Pai, obrigada pela família que me deu... e ... desculpe qualquer coisa... Estamos todos juntos. Deve estar feliz por nos ver, agora ainda mais em sintonia do que antes.

Agora é um guia de uma outra forma e numa outra dimensão. Sei que está aqui!

Um abraço do tamanho do mundo !

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